E foi interessante! Sabe, a facilidade em criar um site assim atrai pessoas com diversos interesses. Diversos mesmo! Existem sites dedicados à insetos, carpetes, bandas, enfim, tudo o que você imaginar!
Acabei parando no site de uma tal de mariteaux. Uma faladora. Seu site era, basicamente, um catálogo de pensamentos. Poderia até dizer que nosso sites eram parecidos, mas estaria mentindo. Além de ser um site mais bonito, suas opiniões eram muito melhor explicadas, melhor discorridas - mais interessantes. Descobri que ela era integrante do Neocities Districts, uma iniciativa que categoriza sites dessa plataforma para um melhor descobrimento e exploração da mesma. Vou deixar o link ali para você, leitor, conferir por si. Acho que vale a pena.
Aí me toquei. Havia me descontentado com Mariteaux há algum tempo atrás, quando entrei na guilda do Discord do Districts. Não queria realmente registrar o site, apenas interagir um pouco com outros neocitizens, mas logo fui pressionado por membros a registrar o tempusfugit em um dos Distritos. Escolhi o Distrito de Stratford-upon-Avon aka o Distrito da Escrita, ainda que não ache que o site se encaixe em nenhuma categoria; não haviam categorias para blogs pessoais pois, afinal, blogs pessoais não agregam na comunidade em geral. O ponto do site nunca foi agregar à comunidade alguma, e sim servir de saída para algumas ruminações diárias.
Onde estava? Ah, sim, Mariteaux. Ela foi rude comigo. Simples assim. Contei uma piada, ela cortou minhas asinhas e me senti desnecessariamente humilhado. Saí da guilda, frustrado. Como o protagonista de Notas do Subsolo, fiquei digerindo a humilhação por algum tempo. É meio engraçado, né? O sentimento de impotência e humilhação perante uma figura de poder em um círculo social não era algo tão comum antes da Internet. Agora, a natureza destes círculos e agregações é extremamente líquida. Tão logo se formam, outros se dissipam. Ainda assim, abre espaço para este tipo de situação. Meu ego é frágil demais pra esse tipo de coisa, então acabo sendo humilhado por estranhos da Internet do outro lado do mundo sem nenhuma relevância na minha vida. Excitante!
Me perdi do ponto de novo. Enfim, me toquei da identidade da pessoa enquanto lia e concordava com seus textos. Subitamente, parecia errado concordar. Aquela pessoa não gostava de mim, e eu não gostava dela. Mas ela estava certa, e construia bem seus argumentos. Discordar de uma pessoa por birra não é uma atitude madura. Quando o outro está certo, é seu dever moral aceitar. Xingamentos e afins não adicionam nada, e só entram no caminho de uma discussão sadia, algo que devemos valorizar nestes tempos caóticos. Natalie Wynn, do canal Contrapoints, já disse que "existem tempos de razão e tempos de estética - para o bem ou para o mal, vivemos em um tempo de estética". Não gosto da ideia de contribuir para a permanência da "estética".