Oi, site. Desculpa te deixar vazio por tanto tempo. Estive um pouco ocupado. Espero que você entenda.
Eu, hã, não ando bem. Não mesmo. Quer dizer: estou melhor do que estava quando comecei a escrever aqui. Lembra? Ficar suspirando por conta de saber ou não se vai entrar na universidade; suspirando por conta de autoestima; suspirando por causa de corações partidos. Tudo parece tão pequeno quando você vê pela distância do tempo! É bizarro, se não fosse trágico. Trágico porque o amanhã sempre vem; o sol sempre nasce.
Mas eu estou cansado do sol, sabe? As coisas passam, sim: tudo passa. Mas demora tanto pra passar. E enquanto não passa, o sol, quando se levanta, escalda as feridas. Mais uma vez, site, vim aqui sangrar minhas feridas em você. Espero que me perdoe. Sabe, eu recebi um fora hoje. Me dói escrever, lembrar, admitir, mas é o que aconteceu. Achei que conseguiria superar, talvez até dar a volta por cima e, finalmente, arrumar alguém pra chamar de meu. Mas o alguém não é meu. Já está caindo nos braços de outro. Enquanto isso, os meus braços estão carregando meu coração, já tanto cortado e fatiado. Meus braços doem. Meu coração, ainda mais.
Será que é injusto, eu vir aqui e escrever só quando estou mal? Eu me sentiria mal, se fosse comigo. Desculpa. Mas eu preciso muito escrever isso agora. Ando muito cabisbaixo. Porque é tudo cíclico, né? O sol sempre nasce. As dores são sempre as mesmas. Lembra de "INSIDE"? "Well, well, look who's inside again". A Syke o outro dia me chamou de assombrado. Ela é bem mais do que eu, mas eu achei um descritivo bem acertado. Sou assombrado pelas mesmas dores, hoje e sempre. Meu abraço é polarizado, a carga negativa repele as pessoas que eu amo. Tudo dói. Morte por milhares de cortes de papel. Meltdown acceleration. Nada humano escapa do futuro próximo: acho bom. Nunca me achei humano o suficiente. Deles, só carrego os piores traços, os mais dolorosos vícios.
Eu cansei de ser assombrado, site. Cansei, sério. Quero ser gente. Como faz? Deixar de ser tão desinteressado no outro, e ao mesmo tempo tão sozinho. Até tentei várias vezes a merda do Tinder, mas cansa muito rápido... e eu nunca me interesso seriamente por ninguém. Difícil de se abrir. Parece que eu não vou mais nos rolês sendo... eu. Parece que eu carrego uma persona. Uma máscara no formato de mim. Tudo é separado, é distante. Tudo parece tão pequeno quando você vê pela distância do agora. Nada mais é real. Nanospasm. Beyond the Judgement of God.
Há muito tempo, eu era real. Me pergunto onde fui parar.
Amo você, site. Queria que você me amasse, também.
quando eu era pequeno, tinha um buraco bem fundo no fim da rua que os vizinhos jogavam um monte de coisa dentro. eu brincava perto daquele buraco, com as meninas. um dia, joguei meu coração dentro do buraco. eu sinto ele bater contra as paredes do buraco. eu sou pequeno, ainda, e tenho medo do dia que ele atingir o fundo. quando bate contra a parede, eu consigo ver a cor das paredes do buraco. é um tom de roxo lindo. eu era pequeno, há muito tempo, e desde lá eu vejo o mundo em tons de roxo.