Eu tenho um pote no meu quarto onde guardo coisas que considero minusculamente preciosas. Eu gosto das pequenas estórias, e cada um desses objetos tem a sua -- talvez imaginada, talvez real. O pote em si carrega uma estória. Ganhei em uma conferência da AIESEC (yikes), onde eram guardados os elogios (os "sugars"), escritos ao longo do evento. A jarra estava cheia de escritas açucaradas de pessoas com quem não me importo mais; muitas escritas mais gentis do que sinceras; muitas escritas maculadas com linguajar de start-up. Prefiro carregar apenas a aura do objeto e a energia dos bilhetes das pessoas com quem ainda me importo. Acabo ressignificando o objeto ao guardar pequenas preciosidades mais importantes para mim.
No fundo da jarra, moedas de 5 centavos (se encontrar outras, talvez de um centavo, também colocaria). Com a inflação do jeito que está, duvido que eu jamais conseguiria juntar um valor significativo com elas. Gosto de pensar como pequenos easter eggs econômicos, resquícios memoriais.
Falando em ovos, na primeira foto consta o ovo de plástico que minha vó decorou e preencheu com cri-cri (amendoim açucarado). Tudo na mão, sozinha! Também me mandou um pote de biscoitos junto com um bilhete:
Você deve imaginar por quê considero esses dois preciosidades.
Tem também um bilhete da minha amiga, que deixou no meu bolso uma vez que ficou com um amigo meu que mencionei *em passagem* que achava bonito. Para o sossego do leitor, não existe "teoria" alguma; era tudo só uma brincadeira do momento.
Também tem duas pedras. Uma em colar (feio), outra sem o barbante. Acho as duas bonitas demais para serem jogadas fora. Tenho memória de ter comprado uma delas de uma menina que me suplicou por estar passando fome. Disse que me faria uma "promoção da fome", me vendendo o colar por "apenas 30 reais". Ela soube me extorquir bem, devo dizer.
Essa concha foi de uma excursão que eu, Arthur, Ana e Pedro fizemos à praia da Armação. Foi muito divertido. Me queimei feio e pegamos chuva. Participamos de um ato em espontâneo a favor do Lula, "fazendo o L", xingando bolsonarista, levantando bandeira, tomando cerveja, esperando o ônibus. O mar estava violento.